Hoje, navegando pelo meu
facebook eis que me deparo com um vídeo chamado “A cloudy lesson” (A lição
nuvem), que é uma curta-metragem de animação, dirigido por Yezi Xue, de 2010,
produzida pelo Departamento de Animação Computadorizada no Ringling College of
Art + Design.
Vi e revi
este vídeo pelo menos quatro vezes tentando achar exatamente o ponto que me
chamou tanto a atenção, por fim cheguei à conclusão que não existe apenas um
fator à ser explorado, porém vários já que a cada vez que assistia o vídeo um
novo pensamento me vinha a mente:
Na primeira
vez que vi o vídeo, fiquei analisando a postura do senhor (onde alguns afirmam
ser avô e outros relatam que é tio, enfim não importa).
Imaginei neste senhor a imagem de um professor,
onde pode-se perceber que ele assumiu a postura de um construtivista, pois
mesmo tendo seu planejamento (ensinar a soprar nuvens) quebrado por um incidente
este se permitiu aprender com seu aluno e com a situação que vivenciava.
No texto Epistemologia Genética
da autora Tania Marques, ela nos relata que cada teoria tem uma forma de
encarar o erro, no caso deste vídeo o senhor conseguiu encarar o erro e a forma
estabanada do menino da melhor forma possível, utilizando-a para produzir um
novo conhecimento para ele (que nem imaginava que podia dar outras formas para
nuvens) e vivencias para seu aluno (que até mesmo o maior dos erros pode servir
de aprendizagem).
Na segunda
vez que assisti ao vídeo fiquei imaginando qual seria o desfecho do mesmo, se o
professor (o senhor) tivesse apresentado uma postura tradicional de ensinar,
onde provavelmente o mesmo teria repreendido o menino por sua forma estabanada
de agir e daria sua aula por encerrada naquele momento, talvez arrancando assim
deste jovem aluno e dele mesmo a oportunidade de aprender com as novas
situações que a vida nos apresenta, limitando tanto o seu fazer pedagógico quanto
a criatividade e formação de novas estruturas deste aluno.
E na
terceira vez que assisti ao vídeo fiquei pensando como seria esse menino se já
tivesse sido modelado de acordo com o que seu mestre esperava (um grande
soprador de nuvem), será que passaria a vida sempre fazendo a mesma coisa da
mesma forma.
Não
satisfeita ainda assisti o mesmo uma quarta vez, onde me veio à mente a real
diferença entre transmitir uma informação e produzir um conhecimento,
percebe-se no início do vídeo que o menino tem dificuldade em dominar o seu
sopro, porém após ter quebrado o soprador, ter entortado o aro afim de formar
um coração, está criança interagiu com a informação e aproximou-a de sua
realidade produzindo assim um significado para ela, apropriando-se do
conhecimento e tomando consciência de sua capacidade.
Nas quatro
vezes que observei o vídeo fiquei me imaginado como professora e como, por
vezes, tenho que modificar todo meu plano de aula (assim como o senhor), para
atender as necessidades que meus alunos demandam. Pensei em como é a minha
postura diante do erro do meu aluno e o que tenho feito para evitar rótulos
indesejados, pois toda vez que fizemos isso tiramos de uma criança parte de sua
personalidade e limitamos as suas expectativas sobre ela mesmo, trazendo-lhes
grandes bloqueios que no meu caso me prendem ao medo de falhar, ao medo de
escrever, ao medo de ser julgada, com toda certeza eu não quero isso para os
meus alunos.
Hoje sei que
não existe certo ou errado no modo de aprender, existe sim estratégia que cada
indivíduo traça para alcançar tal. Quando nós professores se abrirmos para a
ideia de que não precisamos ensinar tudo as crianças (como tabulas rasas),
vamos poder nos considerar mestres aprendizes, até por que se pararmos para
pensarmos por um instante mesmo que o nosso aluno tenha poucos anos de vida,
eles já passaram por diversas fases ou estágios de seu desenvolvimento, aos
quais serviram para formar uma serie de estruturas que vão servir de suporte
para a sua futura aprendizagem, tendo em vista tal, podemos dizer que o
principal papel do professor não é criar uma cópia de si mesmo, ou formar
figuras para a industrias, mas sim para criar possibilidades à esse pequeno
indivíduo para que se desenvolva, se transforme e se torne responsável pelo seu
próprio conhecimento.
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=psZmAsH6I3Q
MARQUES, Tania Beatriz Iwaszko. Epistemologia Genética. In:
SARMENTO, Dirléia Fanfa; RAPOPORT, Andrea e FOSSATTI,
Paulo (orgs). Psicologia e educação: perspectivas teóricas e
implicações educacionais. Canoas: Salles, 2008. p.17-26