quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Aprendizagem em rede

Após o comentário do Professor Crediné, no qual, o mesmo me estimula a tentar tecer uma discussão sobre aprendizagem em rede, passei a pensar não só neste quesito, mas nas condições que devemos ter para construir tal rede.
Confesso que num primeiro momento me surgiu uma dúvida quanto ao conceito de comunidade de aprendizagem e de rede de aprendizagem. Acredito que na primeira modalidade a construção da aprendizagem se dá principalmente através do mundo virtual, porém constituída através de uma estrutura formal, apesar de ser organizada horizontalmente (onde todos se mostram responsáveis pela construção de um determinado conhecimento), já na segunda apesar de também ser organizada de forma horizontal, se mostra estruturada mais informalmente, podendo ser construída tanto através do mundo virtual quanto presencial, estimulando assim a experimentação, a vivência, a observação e a reflexão sobre o processo que todos da rede vêm constituindo.
 Para iniciar o texto, no entanto, gostaria inicialmente apenas de trazer o foco para a palavra aprendizagem, onde desvincularemos tal palavra dos conceitos de ensinar e conteúdo, pois para constituir uma rede de aprendizagem  o professor tem que ter em mente que ele não ensina, muito menos soca conteúdo em seu aluno, pois para iniciar uma rede o professor deve abrir mão de seu papel, saindo do pilar “saber fazer”, onde o mesmo mostra ou reproduz o que aprendeu ou sabe fazer e passa para o pilar “saber ser”, onde ele vai se mostrar capaz de saber ser um mediador entre o seu aluno e as informações que este necessita, dando suporte para que ele construa e transforme o seu próprio conhecimento, isto é, eu não vou ensinar o meu aluno a subir em árvore, apenas desenhando ou mostrando a imagem de alguém em cima de uma árvore, mas sim vou estimulá-lo a conquistar esta experiência levando-lhe até uma árvore real, provocando o mesmo à construir hipóteses de como subir .
Pelo que venho estudando no Pead e observando nas escolas o primeiro professor descrito (o que sabe fazer) está com seus dias contatos, tendo em vista que existe uma preocupação cada vez maior em formar professores consciente do processo de ensino aprendizagem e o quão importante é a experimentação, observação e reflexão na construção de uma estrutura cognitiva.
Como diria Manoel de Barros “tudo que não invento é falso”, ou seja, tudo que eu não toco, não transformo, não crio ou recrio dentro de mim e através da minha interação (no meu caso com minhas colegas, tutoras e professores), com um texto, um vídeo, experimento, observação certamente não ocupará um lugar dentro de mim, pois será como palavras ao vento, onde em um primeiro momento eu vou ouvi-las, ou até decorá-las, mas com o tempo elas serão esquecidas.
A proposta de uma aprendizagem em rede trabalha todo o processo descrito acima de forma libertadora, tendo em vista que ela é constituída a partir de um desejo (que no início do curso o meu era se formar pedagoga e hoje já se tornou outro, onde sonho em sair da universidade como uma professora reflexiva e pesquisadora capaz de fazer a diferença). No meu caso posso descrever muitas situações que marcaram o meu processo de aprendizagem e a minha tomada de consciência e pertencimento a uma rede, porém escolhi três bem distintas.
A primeira situação foi logo nos primeiros semestres quando me foi solicitado a criação de um PBworks sobre a minha escola, onde não via muito nexo nesta atividade, considerando por vezes, algo desagradável e trabalhoso, porém hoje percebo que tal trabalho serviu para eu conhecer melhor a minha escola e também compará-la com a da minha colega, onde certamente tentaria fazer um estudo sobre as realidade comparando estruturas, os métodos, ou talvez me deteria a estudar mais afundo a minha própria escola comparando a sua realidade e o seu PPP.
A segunda situação foi a construção do primeiro projeto em ação que sem dúvida foi a tarefa mais difícil para eu compreender, pois no momento de construção do mesmo experimentei um misto de sensações que iam desde a angustia até o desespero e o desanimo de não entender o que me foi solicitado e só então que passei a perceber a rede de aprendizagem a minha volta, pois com a  procura de ajuda junto aos demais grupos, percebi o quão importante era pertencer a essa tal rede que tanto se falava e como se dava a aprendizagem coletiva.
            A terceira situação foi a visualização e a reflexão sobre o meu blog e o da minha colega, pois apesar de altos e baixos durante a realização dessa atividade, eu compreendi o que era refletir e o que era auxiliar o outro no seu processo de aprendizagem, neste exato momento eu intendi que a minha aprendizagem e desenvolvimento dependia não só de mim, mas também do meu colega e do processo dele.
            Enfim se eu tivesse que definir aprendizagem em rede com as minhas palavras o faria assim:
            “ Aprendizagem em rede é o processo interacionista, no qual um grupo de pessoas contribui umas com as outras para construir ou formar uma estrutura de conhecimento, tendo como principais focos a liberdade, a reflexão e o comprometimento com si e com os demais”.


 BARROS, M. Livro sobre Nada. Rio de Janeiro: Editora Record, 1996.

Um comentário:

  1. Oi Franciele,
    Muito interessante a sua definição de aprendizagem em rede, acredito que ela vem ao encontro do que vivenciamos no curso, ela é uma rede colaborativa, na qual ocorrem trocas, apoio e compartilhamentos.
    Abraço, Tutora Tais

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