segunda-feira, 9 de maio de 2016

O primeiro contato com a interdisciplinar de literatura



A primeira aula ministrada pela grande Professora Ivany Ávila, que já no início da aula nos trouxe alguns pensadores e trechos de suas obras e nos indagou a refletir sobre o que tais trechos nos remetia, posterior a este exercício a professora no trouxe mais alguns trechos de grandes autores e solicitou que nos sentíssemos cada obra. E como sempre o trecho de Castro Alves, foi o que mais me chamou a atenção.
Esse é um autor que gostava muito de ler, pois ele conseguia me proporcionar inúmeros sentimentos com apenas um texto, dentre ele poderia citar: revolta, indignação, triteza, vergonha, medo e até mesmo gratidão por não ter vivenciado nada daquela época ou daquele povo.
Posso dizer que foi bom relembrar estas leituras, pois fazia muito tempo que não me dedicava a ler que eu realmente quisesse ou por hobby, pois os últimos tempos tenho estado mergulhada demais em textos da faculdade, do curso de inglês ou do meu trabalho. E por conta disso tenho apenas a agradecer a esta professora por me fazer lembrar que é possível sentir algo quando se esta lendo. E apenas para relembrar segue um trecho deste grande escritor:

            A canção do africano

Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...

De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez pra não o escutar!

"Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!

"0 sol faz lá tudo em fogo,
Faz em brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!

"Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras
Dão vontade de pensar ...

"Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro".

O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
Pra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!

............................

O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.

E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!


Referencias

Nenhum comentário:

Postar um comentário