Na
interdisciplina de didática nós tivemos a oportunidade de ler o texto “O
menininho” de Helen Buckley, onde confesso que experimentei uma série de
sentimentos e reflexões tendo em vista que no decorrer do texto é possível reconhecer
facilmente o cenário em que o menino está inserido.
De
forma clara a autora nos mostra o quanto a escola pode podar a criatividade e o
senso crítico de uma criança, creio que se formos realizar uma enquete na sala a
maioria das peadianas foram formadas segundo os princípios da primeira professora
apresentada no conto.
Bom
para falar deste texto decidi separar o mesmo em quatro parte:
1
PARTE: “Era uma vez um menininho
bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.”
A
entrada na escola é sempre um anseio para a criança que aspira a vontade de
entrar neste novo mundo (que por vezes parece gigantesco) e onde ela adentra
cheia de curiosidade, expectativas e por vezes medos, porém infelizmente a
escola como está organizada no momento só faz com que a criança entre em um
processo incessante de acomodação e aceitação das regras e modelos a ela
dirigidos impossibilitando um momento de reflexão e de questionamentos
desgastando assim a visão de escola que foi construída pela criança.
2
PARTE: “-Hoje nós iremos fazer um
desenho.
“Que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres,
galinhas, vacas, trens e barcos .... pegou sua caixa de lápis de cor e começou
a desenhar.”
Este
trecho me lembrou a parte essencial da infância quando nós descobrimos as inúmeras
possibilidades que uma caixa de lápis de cor nos dá de criar um mundo cheio de
cores e representatividade expressando assim a nossa forma de pensar e livre que
até então é inata.
3
PARTE: “-Esperem, vou mostrar como
fazer.
E a flor era vermelha com o caule verde.
- Assim, disse a professora,
agora vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da
professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia
dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora. Era
vermelha com o caule verde”.
Este
trecho me lembrou da teoria de Fernando Becker quando ele fala em pedagogia diretiva,
onde a professora do texto em vários momentos mostrar esquecer que o aluno é um
ser único e singular, cheio de anseios e experiências. No conto assim como na
pedagogia diretiva esta professora insiste em ser a detentora do conhecimento,
bem como descarta a experiência dos educando buscando construir um aluno que se
encaixe perfeitamente no seu modelo, criando assim sujeitos incapazes de pensar
e cegos a luz de sua própria realidade, fadado apenas a copiar e responder
quando necessário.
4 PARTE: “- Hoje
nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o
que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho
falou:
- Você não quer desenhar?
- Sim. O que é que nós vamos fazer?
- Eu não sei, até que você o faça.
-Como eu posso fazer?
- Da maneira que você gostar.
- E de que cor?
- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu
posso saber qual o desenho de cada um?
- Eu não sei!
E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde...
Ao se transferir de instituição o
aluno até então acostumado e já moldado pelo modelo antigo teve que repetir a
mesma atividade que lhe foi proposta na escola anterior, porém agora com uma
docente que estabelece uma postura pedagógica relacional, onde a mesma não só
dá espaço para que ele se expresse, como o instiga a tal processo, neste
momento no conto é como se a nova professora abrisse uma gaiola para um passar
que apesar de ainda ter suas asas já não sabe mais voar e que a única coisa que
ele se vê capaz de fazer é virar as costas para tal porta aberta e continuar
contemplando o mundo através de suas grades.
Enfim como disse no início do texto
esta foi e ainda é a realidade de muitas de nossas escolas, creio por experiência
própria que o menino do conto poderá encontrar o caminho para a liberdade de
seu pensamento, porém o mesmo será árduo, pois agora que ele já foi moldado
para ser um excelente operário ou marionete será difícil voltar a ser pensar ou
pássaro.
Referências
http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/O_menininho.pdf