sábado, 24 de março de 2018

Didática


Na interdisciplina de didática nós tivemos a oportunidade de ler o texto “O menininho” de Helen Buckley, onde confesso que experimentei uma série de sentimentos e reflexões tendo em vista que no decorrer do texto é possível reconhecer facilmente o cenário em que o menino está inserido.
De forma clara a autora nos mostra o quanto a escola pode podar a criatividade e o senso crítico de uma criança, creio que se formos realizar uma enquete na sala a maioria das peadianas foram formadas segundo os princípios da primeira professora apresentada no conto.
Bom para falar deste texto decidi separar o mesmo em quatro parte:
1 PARTE: “Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.”
A entrada na escola é sempre um anseio para a criança que aspira a vontade de entrar neste novo mundo (que por vezes parece gigantesco) e onde ela adentra cheia de curiosidade, expectativas e por vezes medos, porém infelizmente a escola como está organizada no momento só faz com que a criança entre em um processo incessante de acomodação e aceitação das regras e modelos a ela dirigidos impossibilitando um momento de reflexão e de questionamentos desgastando assim a visão de escola que foi construída pela criança.
2 PARTE: “-Hoje nós iremos fazer um desenho.
                “Que bom!” pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos .... pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.”
Este trecho me lembrou a parte essencial da infância quando nós descobrimos as inúmeras possibilidades que uma caixa de lápis de cor nos dá de criar um mundo cheio de cores e representatividade expressando assim a nossa forma de pensar e livre que até então é inata.
3 PARTE: “-Esperem, vou mostrar como fazer.
  E a flor era vermelha com o caule verde.
               - Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
              O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isto... virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora. Era vermelha com o caule verde”.
Este trecho me lembrou da teoria de Fernando Becker quando ele fala em pedagogia diretiva, onde a professora do texto em vários momentos mostrar esquecer que o aluno é um ser único e singular, cheio de anseios e experiências. No conto assim como na pedagogia diretiva esta professora insiste em ser a detentora do conhecimento, bem como descarta a experiência dos educando buscando construir um aluno que se encaixe perfeitamente no seu modelo, criando assim sujeitos incapazes de pensar e cegos a luz de sua própria realidade, fadado apenas a copiar e responder quando necessário.
4 PARTE: “- Hoje nós vamos fazer um desenho.
   “Que bom!”, pensou o menininho. E esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse. Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho falou:
   - Você não quer desenhar?
   - Sim. O que é que nós vamos fazer?
   - Eu não sei, até que você o faça.
   -Como eu posso fazer?
   - Da maneira que você gostar.
               - E de que cor?
   - Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual o desenho de cada um?
   - Eu não sei!
   E começou a desenhar uma flor vermelha com um caule verde...
            Ao se transferir de instituição o aluno até então acostumado e já moldado pelo modelo antigo teve que repetir a mesma atividade que lhe foi proposta na escola anterior, porém agora com uma docente que estabelece uma postura pedagógica relacional, onde a mesma não só dá espaço para que ele se expresse, como o instiga a tal processo, neste momento no conto é como se a nova professora abrisse uma gaiola para um passar que apesar de ainda ter suas asas já não sabe mais voar e que a única coisa que ele se vê capaz de fazer é virar as costas para tal porta aberta e continuar contemplando o mundo através de suas grades.
            Enfim como disse no início do texto esta foi e ainda é a realidade de muitas de nossas escolas, creio por experiência própria que o menino do conto poderá encontrar o caminho para a liberdade de seu pensamento, porém o mesmo será árduo, pois agora que ele já foi moldado para ser um excelente operário ou marionete será difícil voltar a ser pensar ou pássaro.


Referências

http://www.ufrrj.br/leptrans/arquivos/O_menininho.pdf 


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