domingo, 8 de abril de 2018

Reflexões sobre a sociedade


Ler sobre a EJA me fez pensar em como vivemos em uma sociedade marcada pelo preconceito, onde certos biótipos foram historicamente ignorados/marginalizados pela elite da sociedade e como seus descentes encontram-se ainda colhendo as consequenciais de todos estes fatos históricos.
                Refletindo sobre os textos e um livro que li recentemente de Hannah Arendt, percebi que tal temática de marginalização da sociedade vem sendo abordada a décadas, porém o funcionamento da sociedade em nada se modificou, ou seja, muito se pensou, se falou mas pouco se fez.
                O livro “A banalidade do mal” de Hannah é feito pensando no governo de Hitler, porém fiquei interpretando sua teoria e vi que em muitos aspectos ela se encaixa perfeitamente na situação do Brasil, porém neste segundo com outra frente de violência (se é que existe categorias de violências)
                Por exemplo, em seu livro Hannah Arendt descreve as pessoas envolvidas no nazismos tanto como vítimas quanto como culpadas por deixar o sistema corrompe-las, pegando a série de exemplos que ela deu percebi que os assaltantes que vivem no Brasil eles podem também se encaixar neste perfil de vítima e agressor ao mesmo tempo, porém aqui eles não foram iludidos por um sistema, mas ignorado pelo mesmo.
                Segundo ponto que achei interessante na obra é que ela fala que todos eram peças de uma grande engrenagem, ou seja, se matar um nazista outro viria e assumiria aquele posto transformando o antigo integrante em um mero número, o mesmo podemos perceber com os assaltantes e os assaltados, por mais que a polícia venha a prender ou matar um assaltante a sociedade está sempre trabalhando na produção de mais alguém que estará disposto a assumir aquele lugar, criando assim um ciclo vicioso que só poderá ser quebrado com políticas públicas em especial escolas que estejam preparadas e empenhadas em trazer este sujeito marginalizado para uma sociedade onde as portas de oportunidades estarão abertas.
                Terceiro princípio que Hannah fala em seu livro é a questão do senso comum, onde ela coloca que para o nazismo existir não ouve apenas um culpado, apesar de Hitler ter cooperado em grande parte para que tal fato ocorresse, houveram sim uma população inteira que se deixou dominar e acatou o sistema, deixando de ver os judeus como seus irmãos, como seres humanos chegando a perseguir e dizimar toda uma população por conta de princípios que talvez nem fossem deles ou pensado por eles.
                O que pensei é que na verdade a culpa do Brasil estar do modo que está é de toda a sociedade sem exceções, que vê governantes negando o básico para milhões de pessoas, que vê tudo que ocorre na favela, mas que se mostra incapaz de se mobilizar contra tal ato, solicitando um sistema público de qualidade e atuante.
                E por fim o último princípio é a consciência que muitos alemães não possuíam sobre seu sistema e sobre o que realmente estava acontecendo, tornando-se completamente alienados na mão de um poder tirano.
                Bom apesar de não ser bem o governo que promove este golpe de alienação entre os brasileiros, isso infelizmente ocorre com o nosso povo que se mostra incapaz de lutar contra a maré de informações e mostrar que não precisa da mídia para traçar os perfis perfeitos ou o que é ou não consumível.
                Enfim diante do livro e dos textos da EJA percebi que essa modalidade de ensino veio para tentar reparar um contexto histórico de marginalização, mas ai confesso ficar me indagando como esta fará para reparar o que vem ocorrendo agora na sociedade, pois não é só uma carga histórica é muito mais que isso, esse nível de educação tem reparar todo um sistema podre que insiste em não garantir direitos básicos dos cidadãos que se diferem daquele perfil dito ideal, como a EJA vai fazer seu educando pensar sobre um sistema que não funciona e pior sem a ajuda do poder público.
                Creio que a única solução para tudo isso é o tão famoso dialogo proposto pelo nosso saudosíssimo Paulo Freire, dialogo esse capaz de fazer com que seu sujeito comece indagando-se sobre a sua realidade primeiramente e por fim sobre a realidade que está inserido, pois melhor que a codificação da leitura, só mesmo a sua aplicação no mundo.

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