domingo, 27 de maio de 2018

A escola como espaço de reflexão


Na quinta-feira entrei na sala de aula juntamente com a minha colega de trabalho e enquanto auxiliava meu aluno especial a se organizar, ouvi a seguinte conversa:

X disse:
- Ontem eu fui ao mercado com a minha mãe e ao posto de gasolina também, levou um tempão!

Y disse:
- Eu sei, meu pai falou que ficou em uma fila gigante no posto e que isso é culpa do bobalhão do presidente.

X disse:

- Não meu pai disse que é culpa da Dilma

Eis que entra R na discussão e fala:

-Não a culpa é dos caminhoneiros.

Eu e a Prof. ficamos observando a conversa e só de se olhar sabíamos que teríamos que dar um espaço para que eles conversassem e criassem suas hipóteses para o que estava acontecendo.
Neste dia foi interessante observar a roda de conversa, o posicionamento de cada um e a reflexão do porquê pensavam assim.
Enquanto fazíamos este exercício de diálogo e reflexão me lembrei de Paulo Freire e como ele fazia questão de lembrar os educadores que a leitura da palavra (que é o que tentamos construir com os educandos no primeiro ano) é precedida pela leitura do mundo (da realidade que estão inseridos), sendo assim como poderíamos apenas ignorar aquelas questões levantas pelos alunos, se estamos conscientes do nosso papel enquanto educadoras de fazer com que o nosso aluno pense sobre o que vive e sobre a sociedade em que está inserido, como poderíamos negar um espaço se sabemos que a educação é um ato político, que deve ser vivenciado pelo educando como uma pratica concreta de libertação e de construção da história, como poderíamos fechar os olhos se sabemos que só se constrói uma nova história e uma sociedade consciente quando o sujeito vivencia e a constrói juntamente com seu grupo, através de diálogo e de reflexão, analisando em conjunto e criticamente o que lhe é apresentado.
                Enfim simplesmente não podíamos negar isso ao nosso educando, não quando estamos consciente de nosso papel e de tudo que foi mencionado acima, além disso, fizemos questão de trazer os motivos desta greve e que por mais que eu saiba que existem outros interesses que por enquanto são obscuro, tentei mostrar que em parte ela é justa tendo em vista a alta tributação que os nossos produtos tem. E para finalizar propomos ao alunos que eles trouxessem o valor de um produto que eles gostem e quanto tem de imposto embutido neste valor, a maioria disse que traria brinquedos ou algo que gosta de comer (bolachinha receada, salgadinho enfim) o que está de pleno acordo com sua faixa etária, já que meus pequenos tem apenas 6 ou 7 anos.

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