Na quinta-feira entrei na sala de
aula juntamente com a minha colega de trabalho e enquanto auxiliava meu aluno
especial a se organizar, ouvi a seguinte conversa:
X disse:
- Ontem eu fui ao mercado com a
minha mãe e ao posto de gasolina também, levou um tempão!
Y disse:
- Eu sei, meu pai falou que ficou
em uma fila gigante no posto e que isso é culpa do bobalhão do presidente.
X disse:
- Não meu pai disse que é culpa da
Dilma
Eis que entra R na discussão e
fala:
-Não a culpa é dos caminhoneiros.
Eu e a Prof. ficamos observando a
conversa e só de se olhar sabíamos que teríamos que dar um espaço para que eles
conversassem e criassem suas hipóteses para o que estava acontecendo.
Neste dia foi interessante
observar a roda de conversa, o posicionamento de cada um e a reflexão do porquê
pensavam assim.
Enquanto fazíamos este exercício de
diálogo e reflexão me lembrei de Paulo Freire e como ele fazia questão de lembrar
os educadores que a leitura da palavra (que é o que tentamos construir com os
educandos no primeiro ano) é precedida pela leitura do mundo (da realidade que
estão inseridos), sendo assim como poderíamos apenas ignorar aquelas questões
levantas pelos alunos, se estamos conscientes do nosso papel enquanto
educadoras de fazer com que o nosso aluno pense sobre o que vive e sobre a
sociedade em que está inserido, como poderíamos negar um espaço se sabemos que
a educação é um ato político, que deve ser vivenciado pelo educando como uma
pratica concreta de libertação e de construção da história, como poderíamos fechar
os olhos se sabemos que só se constrói uma nova história e uma sociedade
consciente quando o sujeito vivencia e a constrói juntamente com seu grupo,
através de diálogo e de reflexão, analisando em conjunto e criticamente o que
lhe é apresentado.
Enfim
simplesmente não podíamos negar isso ao nosso educando, não quando estamos
consciente de nosso papel e de tudo que foi mencionado acima, além disso,
fizemos questão de trazer os motivos desta greve e que por mais que eu saiba
que existem outros interesses que por enquanto são obscuro, tentei mostrar que
em parte ela é justa tendo em vista a alta tributação que os nossos produtos
tem. E para finalizar propomos ao alunos que eles trouxessem o valor de um
produto que eles gostem e quanto tem de imposto embutido neste valor, a maioria
disse que traria brinquedos ou algo que gosta de comer (bolachinha receada,
salgadinho enfim) o que está de pleno acordo com sua faixa etária, já que meus
pequenos tem apenas 6 ou 7 anos.
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