quarta-feira, 27 de junho de 2018

estágio...




Confesso que apesar de reconhecer a enormes mudanças que tive do inicio do curso até agora a palavra estágio continua a tirar meu sono, por mais que eu tenha lido muito e tenha desenvolvido boa parte das atividade com meus alunos, ainda é algo me dá cala frios.
           Talvez porque esta turma é completamente diferente da que eu estava o ano passado, ou talvez simplesmente porque eu tenha dificuldade de descrever o que faço e do que aprendo com meus alunos, de um modo ou de outro não tenho ficado tranquila com a situação, pois penso em muitas coisas e depois penso na realidade dos alunos e me questiono sobre qual seria o foco de interesse.

            E juntamente com tudo isso ainda tem o meu aluno especial que tem uma grande dependência de rotina, onde qualquer coisa que saia fora do planejado pode causar surtos nada fáceis, enfim o medo e a ansiedade já chegaram agora é só ler e se preparar para o restante.


Referencia 

https://pt.clipartlogo.com/istock/woman-thinking-1681098.html 

Vai Brasil ou não...





Hoje foi dia de jogo da seleção brasileira e mais uma vez eu não via animo nenhum para torcer ou assistir o jogo, porém como não fomos liberados pela secretaria de educação, a direção decidiu colocar um telão para todos verem o tal jogo, algo que foi muito esperado pelos meus alunos, já que a copa do mundo é algo que está sendo muito discutida no contexto familiar deles, na verdade da sociedade como um todo.
Bola vai, bola vem e o que eu conseguia observar era o quão desparelha era socialmente a minha turma tendo desde alunos que tinham pais que andavam de carrões até alunos que ficaram dias sem tomar banho ou pedindo chuveiro dos vizinhos emprestado, por não ter como pagar uma conta de luz, olhando para eles eu fiquei pensando se esse era realmente o Brasil de todos, se era o Brasil que ganho sei lá quantas vezes, a copa do mundo.

É difícil perceber que todos se juntam para ver um futebol, mas são incapaz de se mobilizaram para cobrar uma educação e um contexto social digno para todos, fiquei pensando onde foi que erramos pra termos uma sociedade tão alienada de seus próprios direitos e o que farei como professora para construir sujeitos mais responsáveis e consciente de suas responsabilidades sociais.


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EJA

Bom, realizando o trabalho de campo de EJA, onde a minha parte era apenas as observações das aulas, pude rever a imagem que tinha da EJA.
Os primeiros contatos que eu tive com essa modalidade de ensino foram em Gravataí e em Cidreira, onde ambas possuíam uma realidade bem complexa e de extrema violência, o que me provocou de certo modo uma repulsa por esta modalidade, ressalto que nunca atuei como professora e sim apenas como coordenadora e no caso de Cidreira auxiliando uma amiga com a supervisão, pois bem após estes dois contatos traumáticos e não realizei mais nenhuma visita a esta modalidade.
Com a interdisciplina de EJA e a proposta de trabalho a campo, pude perceber e me encantar com uma terceira realidade, onde havia uma pequena turma, com um perfil completamente diferente e que apesar de alguns alunos terem muita dificuldade me trouxe um sentimento de importância, de mudança, de sonha, aflorando algo que já não via na educação a muito tempo.
Conversando com um aluno e vendo como a aprendizagem do processo da leitura e escrita modificou o seu contexto, pude realmente visualizar a educação como um ato político tão descrito nos livros de Paulo Freire é como se tudo fizesse sentido.

Enfim neste contexto me descobri e consegui significar a frase de Paulo Freire, onde ele nos diz que o conhecimento de mundo precede o conhecimento da palavra e na EJA ficou tão mais fácil de ver esta aplicabilidade, ficou tão mais fácil dizer que vou a feira nos problemas de matemática quando você realmente vai a feira  e se imagina em tão situação.

A peça que falta

Ainda sobre o texto de Regina Hara foi interessante pensar sobre outro fator que vai completamente contra mão do primeiro texto aqui postado.
Bom ao ler o texto ficou visível a importância de se compreender a realidade do aluno e acima de tudo fazer com que a alfabetização se torne um ato político.
Confesso para vocês que eu nunca tinha tido contado com esta modalidade de ensino e que ao ver os resultados da pesquisa realizada pelo texto me dei conta que os alunos desta modalidade passam pelas mesmas fases descrita por Ferreiro, que os alunos do ensino fundamental, apesar de todo seu conhecimento de mundo.
Isso me chamou a atenção por ser um fator que eu desconhecia e que me fez refletir sobre como tem se dado o processo de alfabetização dentro da minha sala de aula, onde percebo que ainda falta algo que fizesse com que o mundo dos educandos apesar de tão diferentes tivesse mais presente dentro do ambiente escolar.

Referencias

HARA, Regina. Alfabetização de adultos: ainda um desafio. 3.ed. São Paulo: CEDI,1992.

O social e a escola

Hoje lendo  o texto da autora Regina Hara, me deparei com a seguinte passagem:

“Sabemos que os adultos das camadas populares, dentre as adversidades que a sociedade lhes impõem, a escolarização tem peso menor para a sua sobrevivência. Questões como habitação saúde, emprego, alimentação, transporte, são prioritárias.”


Pensando sobre este trecho e a morte de um estudante do rio de janeiro que vi no jornal, refleti que não são só os adultos não escolarizados que se encaixam neste quadro, pois nossos jovens e nossas crianças em diversas partes do nosso pais tem que enfrentar não só todas as questões descritas acima como também com a violência e o medo de ter suas vidas ceifadas a caminho ou na própria escola por uma bala perdida. Diante de tudo isso é impossível não se sensibilizar e abrir os olhos para essas crianças que estão a margem da sociedade e que jamais poderiam ter o mesmo desempenho que uma criança de escola particular, com toda sua vida “perfeitinha”, pois este primeiro grupo tem vivencias e preocupações que jamais deveriam pertencer a uma criança.